sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Valter Guerreiro



ODE À NOITE

Vem como se quisesses fundir tudo sem sobrepor nada
Traz-me tudo o que foi e tudo que é, e deixa o que será
aos deuses e aos demónios da incerteza e da fortuna
Mostra-me esse deslumbrante sopro cósmico, o primeiro
E todos os registos astronómicos da seminal madrugada
Em que o tempo e o espaço voaram pelo vazio inteiro
para quê, sabe-se lá…!

Noite não, fundo das noites mais antigas
Vem noite primeira e traz-me a primeira verdade toda inteira
Num canto único de todas as cantigas
Até à última, a derradeira!

Ó noite da noite germinal deixa-me sonhar
E dá-me o som das vozes que não posso ouvir
E a figura,
impura e pura
de todas as coisas onde não chega o meu olhar!

Valter Guerreiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário