sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Valter Guerreiro



OS DELÍRIOS DA PAIXÃO

És absolutamente transcendente, única e fabulosa
Ninguém é como tu, jamais alguém o foi ou o será
Nem és deste mundo de tão etérea, de tão formosa
Seres no meu peito, e no meu leito, e naquela rosa
Que não está ali, nunca lá esteve e nunca estará

Mas que eu invento no Olimpo do teu corpo
Onde há as flores e os mundos que eu quiser
E os mares, os ares e as fronteiras se dissipam
Porque tu mais do que deusa, és a mulher
Em que eu viajo até aos lugares onde ficam
Os crepúsculos e os poentes que eu souber

Imaginar nos silêncios que te levam p`ra tão longe
E me levam p`ra tão perto do melhor que sei amar
Levando-me p`ra tão longe, pr`a tão lá do horizonte
Que nos crepúsculos há luz e nos poentes há mar

De sereias, de duendes, de bacos e querubins
Que vêm em caravelas e trazem sacos de estrelas
P`ra incendiar o teu ventre entre plátanos e jasmins
Em que me queimo e perfumo, me deito e nunca durmo
Porque ao que vou é tão grande e tanto colho de ti
Que no regresso nem sei quem era quando parti

Eu regresso em granito e em nenúfares me deito
De nenúfares sou feito e de granito me couraço
Quando te abraço, no feminino, no masculino...
E te beijo como homem, como menino...
E em ti me sento...
Como complemento, como suplemento...
Porque te invento...
A partir de mim...
Tu não existes,
Eu sou assim…

Valter Guerreiro

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